Não é suficiente ensinar ao homem uma especialidade. Através dela ele poderá se tornar um tipo de máquina útil mas não uma personalidade harmoniosamente desenvolvida. É essencial que o estudante tenha uma compreensão e um sentimento vivo em relação aos valores. Ele deve adquirir um senso vivo do belo e do moralmente bom. Caso contrário, ele - com seu conhecimento especializado - mais se assemelhará a um cão adestrado que a uma pessoa harmoniosamente desenvolvida. Ele deve aprender a entender o que motiva os seres humanos, suas ilusões, e seus sofrimentos para que possa ter um relacionamento adequado com seus colegas e com a comunidade.
Essas coisas preciosas são conduzidas à geração mais jovem através do contato pessoal com aqueles que ensinam e não - ou pelo menos não principalmente - através de livros didáticos. É isto que em primeiro lugar constitui e preserva a cultura. É isto o que tenho em mente quanto eu ressalto a importância das "humanidades", não somente o puro conhecimento especializado nos campos de história e filosofia.
Excesso de ênfase no sistema competitivo e especialização prematura nas áreas de utilidade imediata matam o espírito no qual toda a vida cultural depende, inclusive o conhecimento especializado.
Também é vital para uma educação valiosa que o pensamento crítico independente seja desenvolvido no jovem ser humano, um desenvolvimento que é largamente prejudicado sobrecarregando-o com assuntos demais ou demasiadamente variados (sistema de pontos). A sobrecarga necessariamente leva à superficialidade. O ensino deveria ser de tal forma que o que é oferecido seja percebido como um presente valioso e não como uma tarefa árdua.
Publicado no New York Times, em 5 de outubro de 1952
Traduzido por Helder L. S. da Rocha