Calculando, medindo, modernizando, modernidade

"A modernidade trouxe consigo idéias e utopias caras à humanidade tais como razão e esclarecimento, ordem e progresso, democracia e cidadania. A “razão iluminista”, que KANT considera prerrogativa do homem moderno, dava-lhe a capacidade da “autoconsciência” e assim de desenvolver o seu discernimento, a sua capacidade de reflexão e decisão (IANNI). Porém, essa racionalidade é baseada em um cálculo de custo benefício das ações, imaginando-se que isso seria possível. Tornou-se possível até certo ponto, na medida em que instituiu uma série de controles e domínios da e na sociedade, especialmente ocidental. Foucault que o diga. O projeto da visão científica passa por aí.

Há evidentemente, um problema de base nessa forma de ver a realidade, que é imaginá-la universal e totalizadora. Nesse sentido, é flagrantemente parcial, na medida em que há um outro lado dessa razão instrumental, da própria razão em si, que é a face oculta da irracionalidade ou do que não é acessível pela razão. O não ver é a condição do ver. Essa visão integradora faltou ao projeto da modernidade, que de alguma forma valorizou a ação, mas muito mais o seu cálculo. Foi um projeto epistemológico que ainda nos domina, mesmo que esteja caindo aos pedaços". (ROVER, Aires)